Mentiras e ignorância existem por
toda parte. Infelizmente.
Parece-me especialmente curioso, no
entanto, que os partidários do pastor Marco Feliciano (como o senhor Silas Malafaia)
achem tão normal usar a mentira como instrumento político. Como instrumento
para destruir a imagem de quem tem uma opinião diferente da que eles mantêm.
Especialmente eles, meu Deus, que se dizem tão ciosos das escrituras
bíblicas...
A Bíblia é rica em passagens que
condenam a mentira e a calúnia. Por que aqueles que se manifestam a favor de
Feliciano se "esquecem", com tanta facilidade, que "não darás
falso testemunho contra o teu próximo", por exemplo? (Êxodo, 20:16)
Um dos principais alvos desses
ativistas do ódio tem sido o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). Numerosas
evidências indicam que indivíduos ligados a Marco Feliciano criaram e
espalharam calúnias diversas contra Wyllys, como a que ele teria feito apologia
à pedofilia numa entrevista à rádio CBN (a própria CBN divulgou comunicado em que denuncia a
mentira).
Outra das falácias mais
recorrentes é que os ativistas protestam "porque são pagos",
"porque querem mamar nas tetas do Governo". Que as "Paradas
Gays" são uma vergonha ainda maior por serem financiadas pelo dinheiro
público. É muito fácil fazer essas acusações, certo? Gostaria de vê-las sendo
provadas com fatos. Em todos os protestos em que participei, os manifestantes
foram de livre e espontânea vontade, por seus próprios meios, sem receber um
centavo por isso. Muito pelo contrário: temos gastos com material para cartazes,
com transporte... Lutamos de graça por um ideal – construir uma sociedade mais
justa, mais unida e com mais igualdade e respeito.
Interessantemente, essas mesmas
pessoas que acusam o movimento LGBTI se "esquecem", novamente, das
isenções tributárias concedidas às organizações religiosas pelo Estado
brasileiro. Em 2012, por exemplo, as igrejas teriam arrecado cerca de 20 bilhões de reais no Brasil .
Em 2008, calcula-se que o Governo tenha deixado de arrecadar um bilhão de reais
(R$ 1.000.000.000,00!) por conta dessa renúncia fiscal .
Estima-se que, em 2012, tal valor possa ter dobrado.
De acordo com o economista
Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas, o Estado subsidia as igrejas por meio
da isenção fiscal, a qual garante a perpetuação da influência religiosa nas
comunidades mais carentes, justamente as que mais contribuem com os dízimos.
Além de atuarem como
substitutos do Estado, Néri diz que as igrejas fazem concorrência predatória
nas áreas em que atuam, por não pagarem impostos.
E então? A quem o Estado
brasileiro tem beneficiado desde sempre mesmo?