sexta-feira, 29 de março de 2013

Para que tudo, de novo, vire tudo ao contrário

Vivo no Brasil. Há tempos que venho notando o surgimento de um pensamento neoconservador e reacionário muito forte por aqui. Saindo de rincões específicos - tais como determinadas seitas evangélicas - esse pensamento vem conseguindo espaço rapidamente nos meios de comunicação. Economicamente empoderado, ocupa também cada vez mais posições importantes na Política. E, por meio de um discurso de violência travestido de "liberdade de expressão", vem tentando barrar a evolução dos direitos de minorias historicamente oprimidas - mulheres, negros e homossexuais, para citar alguns dos grupos mais visados pelo preconceito dessa gente.

É nessa dinâmica que enxergo a assunção do pastor Marco Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). "Crítico" contumaz dos homossexuais, das religiões de matriz africana (de qualquer religião que não seja a dele, em verdade) e da emancipação feminina, esse senhor já é largamente conhecido por suas declarações racistas, machistas e homofóbicas. Além disso, já há denúncias bastante contundentes que o acusam de estelionato (vide um dos processos contra ele que tramita no Supremo Tribunal Federal) e do uso de dinheiro público para fins particulares - pagamento de pastores que atuam em sua igreja com verba da Câmara dos Deputados, por exemplo.
Eu poderia falar longamente a respeito dessas denúncias que comprovam a desonestidade política de Feliciano, mas acho melhor indicar o breve dossiê formulado pelo Anonymous Brasil (veja aqui).

Decidi criar este blog por conta do revés que a tomada da CDHM por fundamentalistas representa para os Direitos Humanos no Brasil. Acompanhando as notícias desde o fatídico 8 de março de 2013 (que belo presente pelo Dia Internacional da Mulher, não?), senti a necessidade de expressar por escrito algumas das ideias que me vinham à cabeça.
Ao ler tais notícias (e especialmente alguns dos comentários de leitores que as acompanhavam, carregados de ódio, de violência e de preconceito), comecei a somatizar o medo e a desesperança que me atacaram - dores de cabeça, refluxos, mal-estares generalizados... Ciente de que eu deveria tentar fazer alguma coisa a esse respeito, procurei me envolver mais ativamente nos protestos em favor de justiça e de coerência na CDHM. E é disso que vou falar em algumas das próximas postagens.

Abraços fraternos - e que o amor prevaleça através do tempo!

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